Equipamento será obrigatório em todos os veículos produzidos e vendidos no Brasil a partir de 1º de janeiro
Sueli Osório
A partir de 1º de janeiro de 2014 todos os veículos produzidos e vendidos no Brasil deverão ser equipados com freios ABS. Para o engenheiro mecânico André Brezolin, integrante da Seção Caxias do Sul da SAE Brasil, a resolução n° 380 do Contran, de 28 de abril de 2011, que torna o item obrigatório em 100% dos veículos, é um passo muito importante para aumentar o nível de segurança, visto que, atualmente, apenas uma pequena fatia da frota que circula no País possui o equipamento se comparada a de outros mercados, onde a grande maioria dos veículos conta com esse equipamento de segurança.
O sistema ABS proporciona benefícios como a não derrapagem do veículo e, consequentemente, o aumento da estabilidade em condições de frenagens de emergência, permitindo que o usuário possa desviar de obstáculos enquanto freia, reduzindo a distância de parada em até 30%.
Com a redução das distâncias de parada proporcionada pelo uso do ABS, espera-se uma redução significativa no número de acidentes provocados pelo travamento pré-maturo das rodas.
Além disso, a utilização do sistema ABS abre portas para o uso de outras tecnologias associadas, como o EBD (Electronic Brake Distribution) ou Distribuição Eletrônica de Frenagem e o ESP (Electronic Stability Program) ou Programa Eletrônico de Estabilidade. “Estes sistemas, quando usados em conjunto com o ABS, permitem o aumento significativo no controle da trajetória do veículo em várias condições adversas, como frenagens em curvas ou desníveis em situações de pista seca ou molhada”, explica Brezolin.
Segundo o engenheiro, cabe salientar que somente a obrigatoriedade do uso do sistema ABS não será suficiente para alcançarmos os patamares de segurança de países desenvolvidos. “Temos de repensar nossas normas e regulamentações de segurança vigentes para que possamos atingir altos níveis de segurança veicular”, diz.
Como funciona
O ABS (Anti-lock Braking System) é um sistema de frenagem que evita que a roda bloqueie e entre em derrapagem quando o pedal do freio é pisado fortemente, evitando a perda de controle do veículo.
Esse sistema é composto por sensores que monitoram a rotação de cada roda e a compara com a velocidade do veículo. Esses sensores medem a rotação e passam essas informações para a unidade de controle do ABS. Se essa unidade detectar que alguma das rodas está na eminência de travar, haverá a intervenção da central em milésimos de segundo, modulando a pressão de frenagem, garantindo assim que a roda não trave e proporcionando uma frenagem mais segura.
Quais as diferenças em relação à frenagem sem ABS?
Durante o uso normal do freio (fora da eminência de travamento das rodas), o condutor não irá perceber nenhuma diferença na utilização do freio. Contudo, quando o ABS estiver em funcionamento em condições de frenagem de emergência, em que as rodas estão no limite de travarem, ocorrerá uma forte vibração e ruído no pedal de freio. “Esta vibração é provocada pelo fluido no contrafluxo do sistema, causado pela bomba de recalque empurrando o fluido no sentido contrário, buscando a equalização da pressão hidráulica dos freios, a fim de evitar o travamento das rodas”, explica o engenheiro.
Este efeito é absolutamente normal e o condutor não deve, em hipótese alguma, aliviar a pressão ou a força sobre o pedal de freio para não causar a ineficiência do sistema de ABS e, consequentemente, o aumento da distância de frenagem.
Em caso de emergência, o motorista deve pressionar o pedal de freio e manter a pressão sobre ele com força máxima, pois o ABS não deixará as rodas travarem.
História
Os primitivos sistemas de ABS foram desenvolvidos por Dunlop para uso em aeronaves no início da década de 1950. Segundo Brezolin, o primeiro sistema de ABS utilizado em veículos de que se tem notícia data de 1969. Foi usado somente no eixo traseiro do veículo Ford Thunderbird. Estes equipamentos utilizavam sistemas analógicos e sistemas de acumulação de energia.
Em 1978, a empresa alemã Bosch desenvolveu o ABS que utilizamos atualmente, que está associado ao uso extensivo de sistemas eletrônicos e válvulas eletromecânicas. Foi empregado inicialmente pelos veículos de passeio da Mercedes-Benz e, logo após, pelos veículos da BMW e pela indústria japonesa de automóveis.
Em 1984, a empresa ITT desenvolveu um projeto de ABS que combinava componentes do sistema de freio, como o atuador do ABS, servo-freio e cilindro mestre.
Alguns marcos na história do ABS:
1978:
- Início da produção em escala;
- Peso do sistema: 6,9 kg;
- Custo aproximado: US$ 1.500;
1983:
- Sistema ABS chamado 2S, com unidade hidráulica e UCE separadas;
1989:
- Sistema ABS chamado 2E, com unidade hidráulica e UCE em um único componente;
1992:
- Tornou-se item de série nos veículos Mercedes-Benz;
1993:
- Sistema 5.0, com redução significativa de peso e volume e maior precisão no sistema de controle;
1995:
- Sistema 5.3;
1998:
- Sistema 5.7, associado ao uso do sistema ESP;
2000:
- O uso do ABS atingiu o índice de 60% dos veículos produzidos no mundo;
2001:
- Sistema 8.0;
2004:
- Torna-se item de série em toda a Europa;
- 2005:
- Sistema 8.1, com a integração dos sistemas ABS/ESP/TCS/EBD, peso de 1,4 kg, com menor ruído de funcionamento e melhor trepidação do pedal de freio , além de custo aproximado de US$ 350.
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