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domingo, 16 de dezembro de 2012

ferrari 612 Scaglietti


O Ferrari 612 Scaglietti alia as performances de um superdesportivo com um habitáculo para quatro pessoas, a exemplo do que aconteceu com os 250 GT dos anos 50/60 e o Daytona da década de 70. Face ao 456M (da década de 90), a que irá suceder no catálogo da marca já em 2004, apresenta uma carroçaria mais volumosa e uma maior habitabilidade, apesar de o seu peso ser inferior em cerca de 60 kg. 

O ganho em peso resulta da adopção do alumínio utilizado tanto no châssis (space-frame) como na carroçaria deste modelo que será produzido nas oficinas da Carrozzeria Scaglietti.

Tal como acontece com o 456M, o motor surge colocado em posição central dianteira (atrás do eixo anterior) e a caixa de velocidades na traseira, formando um bloco com o diferencial para garantir uma mais correcta repartição de massas (46% à frente e 54% atrás) e uma redução do centro de gravidade, o que contribui para melhorar o comportamento dinâmico.


A Ferrari já admitiu que o 612 Scaglietti será capaz de ultrapassar os 315 km/h e passar de 0 a 100 km/h em meros 4,2 segundos. Com performances desta ordem, os auxiliares de condução são importantes, pelo que, para além da suspensão gerida electronicamente, a marca anunciou a adopção de um sistema electrónico de controlo da estabilidade e da tracção (CST) que será utilizado pela primeira vez num Ferrari. 


Motor V12
O motor é - como não poderia deixar de ser num Ferrari com estas características - um V12, tendo a escolha recaído no bloco de 5748 cc que equipa o 575M Maranello, embora tenha sido evoluído ao nível da admissão e do escape, o que lhe vai permitir chegar aos 540 cv às 7250 rpm, representando um ganho de 25 cv ao mesmo regime, apesar de o binário máximo (589 Nm às 5250 rpm) ser semelhante. 

A transmissão manual de seis velocidades está prevista quer com comando manual como com um comando eléctrico de nova geração, denominado F1A, pensado para conciliar a velocidade de engrenagem tanto no modo manual como de forma automática.

Se a escolha da arquitectura do motor (12 cilindros) coincide com a opção de Enzo Ferrari para os seus primeiros automóveis, Luca di Montezemolo manteve-se fiel ao seu designer habitual, a Pininfarina, que já havia desenhado o 456M.

O 612 Scaglietti está longe, no entanto, de poder ser visto como uma evolução do actual coupé, apresentando uma imagem original, que alia o dinamismo e a elegância, apresentando um "recorte" côncavo na zona posterior das cavas das rodas dianteiras que a Ferrari admite ser "uma riminiscência do 375 MM" que Pinin Farina realizou em 1954 para Ingrid Bergman (ver caixa).

Face ao 456M, a distância entre-eixos foi aumentada em 13,9 centímetros, garantindo uma maior habitabilidade, especialmente para os ocupantes do banco traseiro, que passam a ter mais espaço, seja ao nível dos joelhos ou ao da cabeça.
O maior volume da carroçaria permitiu também dilatar o volume da bagageira (240 litros), que cresceu cerca de 25% relativamente à do 456M. Deste modo, o novo 612 Scaglietti pode transportar um conjunto de cinco malas desenhadas especificamente para ele, ou dois sacos de golfe.

O mundo dá muitas voltasA Ferrari admitiu que Luca di Montezemolo, o seu presidente, “quis dedicar” o novo 612 a Sergio Scaglietti, “um protagonista discreto mas importante” na história da marca. A escolha está longe, no entanto, de ser meramente emotiva, já que desde 1997 a Ferrari tem na Carrozeria Scaglietti um fornecedor capaz de oferecer aos seus clientes mais exigentes a personalização de qualquer dos seus modelos, permitindo-lhes escolher características técnicas ou estéticas exclusivas, trabalhando em colaboração com a Pininfarina.
O coupé que Scaglietti realizou para Roberto Rosselini em 1955
As ligações históricas do car-roçador italiano com a Ferrari são antigas, e se hoje o apelido de Sergio serve para baptizar um coupé 2+2, em 1955 foi o talento desde carroçador que deu forma à carroçaria de uma berlinetta realizada com base num Ferrari encomendada por Roberto Rosselini. Foi o primeiro coupé Ferrari da Scaglietti.

Foi Alfredo (“Dino”) Ferrari, o filho de Enzo, que aproximou Sergio Scaglietti da marca de Modena quando iniciou o desenvolvimento dos motores de seis cilindros. Diz-se mesmo que o protótipo do 750 Monza foi realizado por Dino em colaboração com Scaglietti, com base num châssis 166 que lhe foi oferecido pelo pai.

Sergio Scaglietti, porém, nunca foi um designer como Pininfarina. Trabalhava mais como um escultor, moldando as formas no alumínio que já utilizava na época, abdicando do desenho cuidado dos seus projectos, ou até da acutilância do marketing necessário para os vender.

O 375 MM que a Pininfarina realizou para Ingrid Bergman serviu de inspiração para o 612 Scaglietti
Talvez por isso, a berlinetta de Roberto Rosselini seja menos conhecida do que o 375 Mille Miglia que Pininfarina realizou para Ingrid Bergman na mesma altura, embora a actriz nunca tenha adquirido este modelo que esteve patente no Salão de Paris de 1954.

Com o passar dos anos, o nome de Sergio Scaglietti foi caindo no esquecimento, enquanto a Pininfarina se tornou num grande atelier vendedor de design e até num construtor de automóveis.

Por isso, não deixa de ser curioso que, 49 anos depois, a Pininfarina tenha ido procurar inspiração ao 375 MM de Ingrid Bergman (como ficou conhecido) para realizar o 612, que acabou baptizado como Scaglietti.

Não há dúvida de que o mundo dá muitas voltas...

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